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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Quaresma

Quaresma é o tempo propício de escuta da Palavra de Deus,
de conversão e de reconciliação com os irmãos e com Deus.

Vivendo a Quaresma

Durante esse tempo especial de purificação e santificação, contamos com diversos meios propostos pela Igreja que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.

Antes de tudo, a vida de oração é condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, quando o cristão inicia um diálogo íntimo com o Senhor, a graça divina penetra em seu coração e, a semelhança da Virgem Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (cf.Lc 1,38).

Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência frequente ao sacramento da reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.

A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas de saber oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são incômodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos são apresentados no dia a dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "Estes dias de Quaresma nos convidam de maneira apremiante ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".

Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã" (João Paulo II)
Como viver a Quaresma

1. Arrepender-se dos pecados e confessar-se

Pensar em que ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-Lo ofendido, se estou realmente arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar uma confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Busque tempo para realizá-la.

2. Lutar para mudar:

Analise sua conduta para conhecer em que está falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-los todos. Deve-se subir as escadas degrau por degrau, não se pode subi-la de uma só vez. Conheça qual é o seu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Seu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.

3. Fazer sacrifícios:

A palavra "sacrifício" vem do latim sacrum-facere e significa "fazer sagrado". Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, por amá-Lo, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida todos os dias. Se oferecemos isso a Deus por amor, estamo fazendo um sacrifício.

4. Oração:

Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizer que O ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens relacionadas com esse período.
Jejum e abstinência


O jejum consiste em fazer uma só refeição completa ao dia. A abstinênica consiste em não comer carne. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são dias de abstinência e jejum, que é obrigatória a partir dos quatorze anos e o jejum dos dezoito aos cinquenta e nove anos de idade.

O objetivo dessas práticas cristãs é fazer com que todo nosso ser (alma e corpo) participe de um ato por meio do qual reconheça a necessidade de fazer obras com as quais reparemos o dano causado com nossos pecados e para o bem da Igreja.

O jejum e a abstinênica podem ser trocados por outro sacrifício, dependendo do que ditem as Conferências Episcopais de cada país, pois elas têm autoridade para determinar as diversas formas de penitências cristãs.

Por que o jejum?

É necessário dar uma profunda resposta a esta pergunta, para que fique clara a relação entre o jejum e a conversão, isto é, a transformação espiritual que aproxima o homem de Deus.

O abster-se de comida e bebida tem com como fim introduzir na existência do homem não somente o equilíbrio necessário, mas também o desprendimento do que se poderia definir como "atitude consumística".Tendo em vista que o consumismo é uma das características mais marcantes da civilização ocidental. O homem, cada vez mais voltado para os bens materiais, muito frequentemente abusa deles. Essa civilização consumista faz uso dos bens materiais não somente para que estes lhe sirvam para o desenvolvimento de atividades criativas e úteis, mas cada vez mais para satisfazer-lhes os sentidos, a excitação que deriva deles, o prazer, uma multiplicação de sensações cada vez mais intensas.

O homem de hoje precisa abster-se de muitos meios de consumo, de estímulos, de satisfação dos sentidos para voltar a ser como Deus o criou. Jejuar significa abster-se de algo. O homem cresce e adquire autodomínio ao dizer a si mesmo: "Não".

Não é uma renúncia simplesmente; o objetivo dessa prática é o desenvolvimento mais equilibrado de si mesmo para a vivência mais aprofundada dos valores superiores e a conquista do autocontrole.

Exame de consciência

Precisamente por sermos pecadores, ficamos cegos diante de nossos pecados. Satanás quer nos fazer ver que não há mal no que fazemos. Então o coração se endurece, torna-se insensível às exigências do amor. Por isso é tão importante a conversão do coração.

"Por isso, como diz o Espírito Santo: "Se escutardes hoje MINHA voz, não endureceis o coração... Atenção irmãos! Que nenhum de vós tenhais um coração mau e incrédulo [...]" (Hb 3).

Deus é um Pai amoroso que nos faz ver o pecado para nos dar a graça do arrependimento e nos perdoar. Porque nos quer livres. No entanto, o demônio não quer que vejamos nosso pecado. Mas se procurarmos o caminho de Deus, o maligno tratará de nos acusar com nossos pecados para que desanimemos e voltemos atrás. Podemos discernir então a diferença. Deus mostra o pecado para libertar e perdoar; o demônio o esconde, mas quando o mostra é para que nos desesperemos e nos distanciemos de Senhor. Devemos rejeitar energicamente estes pensamentos e ir à confissão com toda confiança no perdão de Deus Pai. Deus SEMPRE nos perdoa quando há arrependimento.

É muito proveitoso fazer exame de consciência diário e também, com toda humildade, nos abrir a que pessoas próximas de nós nos corrijam. "Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos condenados" (I Cor. 11, 31)

O exame se faz diante de Deus, escutando Sua voz na consciência.
Preparação para a confissão
Preparação remota: Educamo-nos na fé pelo estudo da Palavra de Deus, do Catecismo e demais obras e documentos da Igreja, assim como com a leitura e a imitação da vida dos santos, a vivência dos sacramentos, a participação na Santa Missa e o seguimento aos ensinamentos de Cristo.
Preparação imediata: Fazer o exame de consciência antes da confissão. Ir a um lugar tranquilo, preferivelmente diante do sacrário, para orar. Só Deus pode iluminar nossa realidade e nos dar os meios para responder à graça.

Contemplamos a vida de Jesus e Seu amor manifesto na cruz. "Contemplai ao que transpassaram" (cf. Jo 19,37). Como tenho respondido a tanto amor e a tantas graças? Examinamos nossa vida diante da lei de Deus. Por isso ajuda fazer um exame escrito que nos recorde o que esquecemos. Recordamos que não se trata de sugestões, Deus nos deu MANDAMENTOS. Quebrá-los é quebrar nossa aliança com Deus e cair em pecado.

Não se trata tão somente de enumerar pecados, mas sim de descobrir a atitude do coração e com dor por nossos pecados, FAZER O FIRME PROPÓSITO DE NÃO VOLTAR A COMETÊ-LOS.

Sempre há áreas nas quais somos mais fracos e requerem atenção especial, mas se compreendermos que Cristo - não a cultura - é o exemplo que debvemos seguir –, veremos que em tudo temos muito o que crescer.

A confissão só pode ser feita diante de um sacerdote.

Exame de conciência com base nas três rupturas

Examine-se - ajudado por estas perguntas - quais pecados você cometeu desde sua última confissão? Trate de não ficar no exterior, mas sim nas atitudes do coração e as omissões.

Ruptura com Deus: Amo verdadeiramente a Deus com todo meu coração ou vivo mais apegado às coisas materiais? Preocupei-me por renovar minha fé cristã com a ajuda da oração, da participação ativa e atenta da Santa Missa dominical, a leitura da Palavra de Deus, etc.? Guardo os domingos e dias de festa da Igreja? Cumpri com o preceito anual da confissão e a comunhão pascal? Tenho uma relação de confiança e amizade com Deus, ou cumpro somente com ritos externos? Professei sempre, com vigor e sem temores, minha fé em Deus? manifestei minha condição de cristão na vida pública e privada? Ofereço ao Senhor meus trabalhos e alegrias? Recorro a Ele constantemente, ou só O busco quando necessito d'Ele? Tenho reverência e amor para o nome de Deus ou O ofendo com blasfêmias, falsos juramentos ou usando Seu santo nome em vão?
Ruptura comigo mesmo: Sou soberbo e vaidoso? Considero-me superior a outros? Procuro aparentar algo que não sou para ser valorizado pelos outros? Aceito a mim mesmo ou vivo na mentira e no engano? Sou escravo de meus complexos? Que uso tenho feito do tempo e dos talentos que Deus me deu? Eu me esforço por superar os vícios e inclinações más como a preguiça, a avareza, a gula, a bebida, a droga? Caí na luxúria com palavras e pensamentos impuros, com desejos ou ações impuras? Realizei leituras ou assisti a espetáculos que reduzem a sexualidade a um mero objeto de prazer? Caí na masturbação ou a fornicação? Cometi adultério? Recorri a métodos artificiais para o controle da natalidade?
Ruptura com os irmãos e com a criação: Amo de coração o meu próximo como a mim mesmo e como o Senhor Jesus me pede que O ame? Em minha família colaboro em criar um clima de reconciliação com paciência e espírito de serviço? Tenho sido um filho obediente a meus pais, prestando-lhes respeito e ajuda em todo momento? Preocupo-se em educar na vida cristã meus filhos e de respirá-los em seu compromisso de vida com o Senhor Jesus? Abusei de meus irmãos mais fracos e indefesos, usando-os para meus interesses? Insultei meu próximo? Escandalizei-o gravemente com palavras ou com ações? Se me ofenderam, sei perdoar, ou guardo rancor e desejo de vingança? Compartilho meus bens e meu tempo com os mais pobres, ou sou egoísta e indiferente à dor de outros? Participo das obras de evangelização e promoção humana da Igreja? Eu me preocupo pelo bem e a prosperidade da comunidade humana em que vivo ou passo a vida preocupado tão somente comigo mesmo? Tenho cumprido com meus deveres cívicos? Pago meus tributos? Sou invejoso? Sou fofoqueiro e enganador? Difamei ou caluniei alguém? Violei segredos? Fiz julgamentos temerários sobre outros? Sou mentiroso? Causei algum dano físico ou moral a outros? Inimizei-me com ódios, ofensas ou brigas com meu próximo? Tenho sido violento? Procurei ou induzi alguém ao aborto? Tenho sido honesto em meu trabalho? Usei corretamente a criação ou abusei dela com fins egoístas? Roubei? Sou justo na relação com meus subordinados tratando-os como eu gostaria de ser tratado por eles? Participei do negócio ou consumo de drogas? Caí na fraude ou estelionato? Recebi dinheiro ilícito?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Avisos

·       Reuniões desta semana no Salão Paroquial:

Dia 03 – Terça-feira – 17h – Pastoral Carcerária;
Dia 04 – Quarta-feira – 15h – Pastoral da Criança;
Dia 05 – Quinta-feira – 19h30 - Pastoral da Promoção Humana;

·       No próximo domingo, dia 08 de março, a partir das 08hs no Salão Paroquial, teremos 2º Encontro de Formação para os Catequistas.
Favor confirmar sua presença na Secretaria Paroquial.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015

brasão do Papa FranciscoMENSAGEM
Boletim da Santa Sé
“Fortalecei os vossos corações” (Tg 5, 8)
Amados irmãos e irmãs,

Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um «tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor 6, 2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: «Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar.

Quando o povo de Deus se converte ao seu amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta Mensagem, é o da globalização da indiferença.

Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar.

A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5, 6). O mundo, porém, tende a fechar-se em si mesmo e a fechar a referida porta através da qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida.

Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.

1. «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26): A Igreja.

Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo que antes experimentámos. O cristão é aquele que permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele, servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas exemplificar como devemos lavar os pés uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa pessoa «tem a haver com Ele» (cf. Jo 13, 8), podendo assim servir o homem.

A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. «Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria» (1 Cor 12, 26).

A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os Santos mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons; e, entre estes, há que incluir também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas santas, aquilo que cada um possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação.

2. «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9): As paróquias e as comunidades

Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal é necessário agora traduzi-lo na vida das paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc 16, 19-31)?

Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direcções.

Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura-se reciprocamente uma comunhão de serviços e bens que chega até à presença de Deus. Juntamente com os Santos, que encontraram a sua plenitude em Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não é triunfante, porque deixou para trás as tribulações do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o facto de terem vencido definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio, graças à morte e ressurreição de Jesus. E, enquanto esta vitória do amor não impregnar todo o mundo, os Santos caminham connosco, que ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena enquanto houver, na terra, um só homem que sofra e gema, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da Igreja: «Muito espero não ficar inactiva no Céu; o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas» (Carta 254, de 14 de Julho de 1897).

Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração.

Em segundo lugar, cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens.

Esta missão é o paciente testemunho d’Aquele que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a cada homem, até aos confins da terra (cf. Act 1, 8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom para a Igreja e para a humanidade inteira.

Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!

3. «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5, 8): Cada um dos fiéis

Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?

Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração.

Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe, graças aos inúmeros organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum.

E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos. Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos.

Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos para viverem este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31). Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro.

Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: «Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso» (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença.

Com estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e cada comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal, enquanto, por minha vez, vos peço que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!

Vaticano, Festa de São Francisco de Assis

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Um longo caminho a percorrer

Padre Geraldo Martins *

A Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, realizada no último mês de novembro, tomou a prudente decisão de manter a missão junto aos afastados como prioridade da ação evangelizadora de nossa arquidiocese ao longo de 2015. A proposta do Ano da Escuta, vivido em 2014, foi muito bem acolhida, mas nem todas as paróquias e comunidades conseguiram ir ao encontro das pessoas que estão fora da comunidade para escutá-las a partir de seu lugar. Estamos convictos de que esse é o caminho e nele precisamos avançar.

A assembleia reafirmou, então, seis ações ou situações que poderão nos ajudar a atingir essa meta. A primeira diz respeito aos ministérios confiados aos leigos e leigas. Algumas dificuldades precisam ser vencidas para sermos uma Igreja ministerial. Uma delas é o clericalismo manifestado na resistência à atuação do leigo na Igreja. Outra é a definição de quais ministérios a comunidade efetivamente tem necessidade. Além disso, não pode faltar uma sólida formação para os candidatos aos ministérios. À arquidiocese cabe oferecer as diretrizes desta formação a exemplo do material elaborado pela Dimensão Litúrgica para o Ministério da Palavra.

A segunda ação aponta para a juventude ou “juventudes” como muitos preferem dizer para caracterizar melhor o perfil plural dos jovens de nossas comunidades. Nesse campo, pelo menos duas perguntas devem ser respondidas: como atingir o coração do jovem e fazê-lo apaixonar-se por Jesus? Como reunir e dar unidade às várias iniciativas de evangelização junto à juventude respeitando sua especificidade sem destoar da caminhada pastoral da arquidiocese?

Uma terceira preocupação indicada pela assembleia é com a dimensão política da fé. O pedido é que a Dimensão Sociopolítica esteja mais presente em nossas paróquias através, especialmente, das Pastorais Sociais com destaque para a da Sobriedade, Carcerária e da Saúde. Destacou também os Fóruns Intermunicipais que vêm sendo constituídos em algumas comarcas por iniciativa da Pastoral da Criança e do Menor com o objetivo de definir políticas públicas para crianças e adolescentes.

As outras três ações propostas pela assembleia são formação, espiritualidade e a descentralização das paróquias. Muitas iniciativas já acontecem em relação a isso e com muito sucesso. A novidade, porém, está no fato de que estas ações devem preparar nossos agentes e comunidades de tal modo que os ajudem a ir ao encontro dos afastados tanto eclesial quanto socialmente.

Temos um longo caminho a percorrer. Que Deus nos ajude com a luz de seu Espírito a fim de que os caminhos propostos sejam trilhados na alegria do Evangelho que “enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1).

* Coordenador Arquidiocesano de Pastoral

Papa Francisco participa de Semana de Exercícios Espirituais


papa retiro quaresma 2“Rezem para que neste ‘deserto’ que são os Exercícios, possamos escutar a voz de Jesus e também corrigir tantos defeitos que todos nós temos e também fazer frente às tentações que a cada dia nos atacam. Vos peço, portanto, para nos acompanhar com a vossa oração”, pediu o papa Francisco na Oração do Angelus, do domingo, 22.
Acompanhado de um grupo de bispos colaboradores da Cúria Romana, o papa participa da Semana de Exercício Espirituais da Quaresma até 1º de março.
O encontro acontece na cidade de Ariccia, em Roma, na Casa “Divino Mestre”, da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. Este ano, o sacerdote carmelita, padre Bruno Secondin, é o responsável pelas pregações e meditações do retiro, que tem como tema “Sair da própria Aldeia”, com leitura pastoral do profeta Elias.
Durante estes dias de Exercícios Espirituais estão suspensas as audiências privadas e especiais, inclusive a audiência geral de quarta-feira, no Vaticano. Não haverá, também, as celebrações das missas da manhã na Casa Santa Marta.
Acolhida fraterna
Ao chegar na Casa “Divino Mestre”, o papa Francisco foi recebido pelo recém-eleito superior da Pia Sociedade de São Paulo, o padre brasileiro Valdir José de Castro. Em entrevista à Rádio Vaticano, o sacerdote manifestou alegria pelo encontro com o papa.
“A presença do papa em nossa casa é uma confirmação para a nossa evangelização com os meios de comunicação social. Ele esteve aqui no ano passado, sendo uma grande alegria e satisfação tê-lo entre nós”, disse padre Valdir.
Em 4 de fevereiro, padre Valdir José de Castro foi eleito superior geral da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. Ele é o sétimo sucessor do fundador da Congregação, padre Tiago Alberione.  Padre Valdir é jornalista, mestre em Comunicação e Mercado. É doutor em Comunicação e Semiótica. Ocupava, até a data da nomeação, a função de diretor da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom) e a presidência da Pia Sociedade de São Paulo.
CNBB com informações e fotos do News.va.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mensagem do Papa Francisco


Campanha da Fraternidade 2015:

A Campanha da Fraternidade 2015, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi apresentada nacionalmente nesta Quarta-feira de Cinzas, 18 de fevereiro. O Papa Francisco enviou mensagem pela ocasião e destacou que o tempo quaresmal é propício para a vivência dos sentimentos de fraternidade e cooperação.

No texto, Francisco fala da importância da contribuição da Igreja no respeito à laicidade do Estado, sem esquecer a autonomia das realidades terrenas, conforme motiva a Doutrina Social, em vista do bem do ser humano. "Cada um deve fazer a sua parte, começando pela minha casa, no meu trabalho, junto das pessoas com que me relaciono. E de modo concreto, é preciso ajudar aqueles que são mais pobres e necessitados", disse Francisco.

Confira aqui a íntegra da mensagem do Papa.