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domingo, 4 de maio de 2014

Bispos celebram missa em ação de graças pela canonização do Padre Anchieta

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A missa concelebrada neste domingo, 4 de maio, pelos participantes da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, no Santuário Nacional de Aparecida, teve como principal intenção a ação de graças pela canonização do jesuíta José de Anchieta. A celebração foi presidida pelo arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.

Junto ao altar central, havia uma relíquia do santo, levada pelo arcebispo de Vitória (ES), dom Luís Mancilha Vilela. “A Igreja no Brasil bendiz e dá graças ao Pai, fonte de toda a santidade, pela canonização do padre José de Anchieta, Apóstolo do Brasil”, disse o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, logo no início da celebração.

Dom Raymundo destacou em sua homilia que Anchieta era espanhol, mas que se tornou “um missionário de coração brasileiro, que aqui entregou a sua vida no serviço do Evangelho”. Para ele, a vida e a missão do santo atualizam a mensagem da Palavra de Deus. “Primeiramente, por seu dinamismo missionário. Deixou a sua terra aos 19 anos e veio para cá trazer a Boa Nova. E eis o desafio para nós hoje, que ouvimos o convite do papa Francisco para assumirmos esta atitude de saída missionária”, disse. O cardeal também fez questão de sublinhar a criatividade missionária de São José de Anchieta, exemplo para os evangelizadores de hoje. “Ele recorreu ao teatro e à poesia, o que nos interpela sobre os métodos que usamos hoje, e fala da urgência da evangelização inculturada”, acrescentou.


A partir do evangelho deste terceiro domingo da Páscoa, o presidente da CNBB refletiu sobre a passagem dos discípulos de Emaús, narrada por São Lucas, ressaltando o convite a um renovado encontro com Jesus Cristo Ressuscitado. “A pedagogia de Jesus se revela em plenitude. Ele se coloca próximo, ao mesmo nível dos discípulos, e vai explicando as escrituras. Vai colocando remédios nas feridas, o remédio da Palavra, que ele explica e atualiza. Ao final do caminho, compartilhando sem ser conhecido totalmente, é convidado a permanecer na casa dos amigos de viagem. E lá, na intimidade da família, celebram a fração do pão. Ele se dá a conhecer plenamente. Aí, o ardor provocado pela sua presença se torna ardor missionário, tanto que eles voltam entusiasmados para Jerusalém”, afirmou.

Após a missa, os bispos seguiram para o Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, onde participam do retiro que tem como pregador o bispo de Chieti, em Vasto, na Itália, dom Bruno Forte.

Fonte: CNBB

Os temas da 52ª Assembleia da CNBB


Pe. Geraldo Martins

Três temas importantes marcam a 52ª Assembleia da CNBB, que começou na quarta-feira, 30 de abril, e prossegue até o dia 9 de maio, em Aparecida-SP. Dois deles já foram debatidos na Assembleia do ano passado: Paróquia: comunidade de comunidades e Igreja e questão agrária no inicio do século XXI. Ambos também são de conhecimento público uma vez que foram publicados na coleção Estudos CNBB, mais conhecida como Coleção Verde, ou seja, textos que ainda não se tornaram documentos oficiais da CNBB, que são sempre publicados na cor azul (Coleção Azul).

O terceiro tema – Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade - é novo e se insere no contexto das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II. Tudo indica que deverá seguir o mesmo caminho dos dois anteriores, sendo publicado na Coleção Verde para ser estudado e debatido nas comunidades, recebendo contribuições para uma nova redação e posterior aprovação dos bispos como documento da CNBB.

Com grande repercussão em nossas comunidades, o texto que discute a renovação das paróquias (Estudos CNBB 104) voltou bastante modificado. Segundo a Comissão de redação, as inúmeras contribuições enviadas pelos mais diversos segmentos eclesiais levaram à elaboração de um texto praticamente novo. Vejo com alegria e esperança a expectativa que o envolve. Sinto que nossas comunidades estão muito conectadas a esta Assembleia da CNBB, aguardando, ansiosas, o resultado final do documento que deverá nortear sua ação evangelizadora diante do gigantesco desafio de renovar as paróquias.

Caminho semelhante fez o texto sobre a questão agrária no país. Tema mais complexo e mais exigente, a questão da terra no Brasil já foi estudada pelos bispos há mais de 30 anos. O documento Igreja e problemas da terra, aprovado pela CNBB em sua XVIII Assembleia, em 1980, teve enorme repercussão no país. O contexto hoje é muito diferente e o novo documento, que deverá ser aprovado pelos bispos na semana que vem, teve a preocupação de ser, ao mesmo tempo, pastoral e profético. Será um excelente instrumento de referência para nossas comunidades, especialmente, as que convivem diariamente com a conflitante realidade da questão agrária, hoje, tão fortemente marcada pelo agronegócio.

O tema sobre os cristãos leigos e leigas também desperta muito interesse de nossas comunidades e está diretamente ligado aos dois anteriores. Dificilmente as paróquias se renovarão sem a participação efetiva dos leigos e leigas – a imensa maioria do povo de Deus a serviço de quem está uma minoria: os ministros ordenados, como nos recorda o papa Francisco (cf. EG 102). Da mesma forma, só assumindo de forma efetiva a dimensão político-social de sua fé, os cristãos leigos e leigas contribuirão para a superação dos conflitos sociais em nosso país, como a questão da terra, manchada pelo sangue de tantos que tombaram em defesa dos direitos dos mais pobres.

Há ainda outro texto que deverá ser aprovado pelos bispos. Denominado Projeto Brasil: desafios dos cristãos em face das eleições de 2014, o documento visa ajudar as comunidades a se preparem bem para as próximas eleições no Brasil. Mais denso que uma nota ou uma mensagem, o texto dá as grandes linhas que deverão orientar os debates para as próximas eleições. Insiste, ao mesmo tempo, na importância dos cristãos não se omitirem no dever cidadão de votar com consciência.

Estes quatro assuntos têm duas inspirações comuns: o Concílio Vaticano II e o papa Francisco, especialmente através de sua exortação apostólica Evangelii Gaudium. Os novos documentos que se avizinham, ao que tudo indica, reafirmarão o caminho que sempre caracterizou os pronunciamentos da CNBB ao longo da história: marcadamente pastorais, fortemente proféticos, estreitamente em comunhão com a Igreja universal, inspiradamente evangélicos, esperançosamente comprometidos com a construção do Reino de Deus.