E depois de um ano da histórica renúncia, Bento XVI continua humilde e sereno
Há exatamente um ano Giovanna Chirri, vaticanista e jornalista da Agência Italiana Ansa escutava o discurso em latim do Papa Bento XVI diante do Consistório e às 11h46 no horário local (8h46 de Brasília) a agência publicava a notícia para todo o mundo.
“Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja”, dizia o Papa emérito reconhecendo que as suas forças já “não eram idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.
A sua consciência dizia que “este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando”. Porém, é necessário o “vigor quer do corpo quer do espírito” para governar a barca de Pedro. E, nesse sentido, disse o Papa Bento, “tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.
Ato seguido, escutaram-se as palavras que abalaram o mundo: “Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro”.
E o que tem feito o Papa Bento ao longo desse ano? “Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus”.
“Para sermos honestos – disse Pe. Federico Lombardi, SJ, em nota, uma semana após o anúncio – é uma decisão que surpreendeu mais aqueles que não o conheciam do que aqueles que o acompanhavam com atenção”, recordando que o mesmo Cardeal Ratzinger já tinha falado sobre essa possibilidade no livro-entrevista “Luz do Mundo”. E destacou que “era absolutamente claro que ele estava cumprindo uma missão recebida, mais do que exercendo um poder adquirido”.
Na sua última Audiência Geral, diante de 150 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro e na Via della Conciliazione, o Papa emérito confirmou que Deus não o abandonou durante os 8 anos de Pontificado e que também nunca se sentiu “sozinho, ao carregar as alegrias e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou junto de mim tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, me ajudaram e estiveram ao meu lado”.
“Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja; sempre a sustenta mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Nunca percamos esta visão de fé, que é a única visão verdadeira do caminho da Igreja e do mundo.”, concluiu Bento XVI a sua última audiência geral.
Já em Castel Gandolfo, que foi residência do Papa emérito por alguns meses, algumas horas antes de que se fechassem as portas e que o Papa Bento XVI deixasse o ministério petrino, disse essas últimas palavras, ainda na condição de Papa: “Sou simplesmente um peregrino iniciando a etapa final de sua peregrinação nesta terra. Mas, ainda assim, eu agradeço. Com meu coração, meu amor, minhas orações, minha reflexão, e com toda minha força interior, eu ainda gostaria de trabalhar pelo bem comum e pelo bem da Igreja e da humanidade. Sinto-me muito apoiado pela sua simpatia”.
O Papa Francisco publicou no seu twitter hoje: “Hoje convido-vos a rezar juntos comigo por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade”. Acompanhemos em oração esse grande Papa, Bento XVI, que marcou e continua marcando a história da Igreja com a sua humildade e confiança em Deus.
12 fevereiro, 2014