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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017



PADRE JJ: 51 ANOS E UM EXEMPLO DE PERSEVERANÇA

“Lembrai-vos dos primeiros dias, quando, apenas iluminados, suportastes longas e dolorosas lutas” (Hb 10, 32).




E o povo de Deus é assim: comemora o dia a dia se reunindo em oração. Na manhã de sexta-feira (27/01), nos reunimos para celebrar o dom da vida do Padre João Joaquim. São cinquenta e um anos de uma história marcada por tribulações e bênçãos. Desde o ventre materno, o Senhor já havia escolhido o “Joãozinho de Monteiro”, mas, quis como a prata, prová-lo no fogo.

Nasceu dentro de uma família católica e fervorosa, na qual a semente do Reino foi plantada desde muito cedo. Sabe aquele menino que, na infância, ao invés de apenas brincar de bola de gude, futebol e rolimã, pega na estante da mãe copos e biscoito maria e vai brincar de celebrar missa? Esse era o Padre João Joaquim quando menino!

Ele queria ser padre e percorreu uma longa e penosa jornada até sua ordenação no ano de 2007. A Sabedoria Eterna conduziu essa jornada por caminhos áridos, ficando evidenciadas duas virtudes deste homem: a perseverança e a confiança. Ele se abandonou nas mãos do Senhor, esperando o dia que encontraria o oásis no meio a tanta aridez.

Depois de não ser aceito no rígido seminário de Mariana, devido a sua fragilidade física e intelectual, não desanimou: continuou atuante na nossa paróquia aguardando o que Deus reservava para a sua vida.

O saudoso Monsenhor Gerardo e o Irmão Clemente indicaram-no para ingressar nos Redentoristas, mas a família não tinha como arcar com as despesas. Aos pés da Imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição ele implorou a Medianeira de Todas as Graças: se fosse da vontade divina que ele fosse sacerdote, que ela encaminhasse os meios para que tudo desse certo.

Sabe aquela frase: "pede a Mãe que o Filho atende"? Então, Nossa Senhora fez sua parte e o, então, prefeito Waldemar das Dores (Mamário), homem de muita fé, estendeu a mão e ajudou-o nessa experiência junto aos Redentoristas, que durou mais ou menos três anos.

Também foi missionário na Comunidade Verbo Divino e depois ingressou para os Salesianos de Dom Bosco, consagrando-se no final dos anos noventa. Anos mais tarde, foi para a Guatemala para um curso de experiência para mestre de noviços, sendo um período muito difícil, haja vista que não se adaptou ao país.

Retornou para o Brasil, indo para Brasília trabalhar como assistente dos aspirantes e conheceu Jacinto Bergmann (hoje Bispo da Diocese de Pelotas), que seria a mão que o conduziria para o lugar que Deus escolheu para a semente do reino crescer e frutificar.

Após a negativa do Conselho dos Salesianos para o seu pedido de ingresso em Filosofia e Teologia, permaneceu em Brasília, trabalhando no colégio, mas o desejo de ser padre nunca saía de seu coração.

Um telefonema mudou tudo! Do outro lado da linha Dom Jacinto Bergmann indaga: ‘João, você quer ser padre na minha diocese? ’

Depois disso outras tribulações vieram, mas o ‘Joãozinho de Monteiro’ perseverou. Foi para o sul do Brasil e fez seus estudos.

Na homilia da missa dessa sexta-feira, ele recordou que momentos antes da data de sua ordenação, num instante de intimidade com Deus, fez uma súplica: “Senhor, se for da sua vontade, que eu fique padre por apenas um segundo. Quero morrer padre!” Para ele bastaria apenas o momento que o Bispo impusesse as mãos, e o Senhor poderia levá-lo desta vida.

Que bom que não foi assim!!! Pois, era da vontade de Deus o João Joaquim VIVER PADRE!

Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus (Mt 19,14)”. O reino então pertence ao Padre João Joaquim, pois o seu agradecimento a Deus veio de maneira simples, com a pureza de criança. Recordo de sua primeira missa, na capela de São Miguel: no momento da Transubstanciação, quando pela primeira vez aquelas mãos sacerdotais consagraram o pão e o vinho, lágrimas saíram dos olhos e escorreram pela face... Grande foi a emoção: ele olhava para o pão e o vinho, e ao pronunciar “Isto é meu Corpo” “Isto é meu Sangue”, a voz embargada demonstrava nitidamente que ele via e sentia a presença do Senhor e que entendia tudo o que Deus o fez passar para chegar onde chegou.

E a trilha sonora poderia ser a composição de Adelso Freire e Adilson Freire, Nossa canção, que diz bem assim: “Desde o ventre da minha mãe já me conhecia, antes que eu nascesse, Jesus me escolheu. Hoje a minha vida é para o seu louvor, sigo anunciando o seu eterno amor. Aonde mandar eu irei, seu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir: Que Jesus é o nosso Salvador! Grato eu estou Senhor porque me confiaste a missão de proclamar o seu eterno amor. Mesmo sendo tão pequeno me deste autoridade de em seu nome anunciar a paz e a liberdade...”

Deus é sempre bom, apesar da lógica divina muitas vezes ser incompreensível aos olhos humanos: a semente plantada aqui em Barão de Cocais, o Senhor quis que germinasse e frutificasse lá em Pelotas. Foram tantas dificuldades, mas “os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre (Sl125:1) ”, e tudo aquilo que nós suportamos por amor a Jesus e continuando firmes, aguerridos e servindo ao Senhor, só é possível quando existe no coração uma disposição que é dada por Deus e se chama: graça.

A graça de Deus permitiu ao querido Padre João Joaquim suportar as tribulações, as perseguições, as dificuldades, os preconceitos, as aflições e os tormentos, deixando que o Espírito Santo o moldasse conforme era necessário para desempenhar a missão que Deus lhe confiou.

Que Deus continue abençoando a vida, a vocação e a missão do Padre João Joaquim!


(by Elaine Batista)
PASCOM