PADRE JJ: 51 ANOS E UM EXEMPLO DE PERSEVERANÇA
“Lembrai-vos dos primeiros dias, quando, apenas iluminados, suportastes longas e dolorosas lutas” (Hb 10, 32).
E
o povo de Deus é assim: comemora o dia a dia se reunindo em oração. Na manhã
de sexta-feira (27/01), nos reunimos para celebrar o dom da vida do Padre João
Joaquim. São cinquenta e um anos de uma história marcada por tribulações e bênçãos.
Desde o ventre materno, o Senhor já havia escolhido o “Joãozinho de Monteiro”,
mas, quis como a prata, prová-lo no fogo.
Nasceu
dentro de uma família católica e fervorosa, na qual a semente do Reino foi
plantada desde muito cedo. Sabe aquele menino que, na infância, ao invés de
apenas brincar de bola de gude, futebol e rolimã, pega na estante da mãe copos
e biscoito maria e vai brincar de celebrar missa? Esse era o Padre João
Joaquim quando menino!
Ele
queria ser padre e percorreu uma longa e penosa jornada até sua ordenação no
ano de 2007. A Sabedoria Eterna conduziu essa jornada por caminhos áridos, ficando
evidenciadas duas virtudes deste homem: a perseverança e a confiança. Ele se
abandonou nas mãos do Senhor, esperando o dia que encontraria o oásis no meio a
tanta aridez.
Depois
de não ser aceito no rígido seminário de Mariana, devido a sua fragilidade física
e intelectual, não desanimou: continuou atuante na nossa paróquia aguardando o
que Deus reservava para a sua vida.
O
saudoso Monsenhor Gerardo e o Irmão Clemente indicaram-no para ingressar nos
Redentoristas, mas a família não tinha como arcar com as despesas. Aos pés da
Imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição ele implorou a Medianeira de
Todas as Graças: se fosse da vontade divina que ele fosse sacerdote, que ela
encaminhasse os meios para que tudo desse certo.
Sabe
aquela frase: "pede a Mãe que o Filho atende"? Então, Nossa Senhora fez sua parte
e o, então, prefeito Waldemar das Dores (Mamário), homem de muita fé, estendeu a
mão e ajudou-o nessa experiência junto aos Redentoristas, que durou mais ou
menos três anos.
Também
foi missionário na Comunidade Verbo Divino e depois ingressou para os
Salesianos de Dom Bosco, consagrando-se no final dos anos noventa. Anos mais
tarde, foi para a Guatemala para um curso de experiência para mestre de noviços,
sendo um período muito difícil, haja vista que não se adaptou ao país.
Retornou
para o Brasil, indo para Brasília trabalhar como assistente dos aspirantes e
conheceu Jacinto Bergmann (hoje Bispo da Diocese de Pelotas), que seria a mão
que o conduziria para o lugar que Deus escolheu para a semente do reino crescer
e frutificar.
Após
a negativa do Conselho dos Salesianos para o seu pedido de ingresso em
Filosofia e Teologia, permaneceu em Brasília, trabalhando no colégio, mas o
desejo de ser padre nunca saía de seu coração.
Um telefonema mudou tudo! Do outro lado da linha Dom Jacinto Bergmann indaga: ‘João, você quer ser padre na minha diocese? ’
Depois
disso outras tribulações vieram, mas o ‘Joãozinho de Monteiro’ perseverou. Foi
para o sul do Brasil e fez seus estudos.
Na
homilia da missa dessa sexta-feira, ele recordou que momentos antes da data de
sua ordenação, num instante de intimidade com Deus, fez uma súplica: “Senhor, se
for da sua vontade, que eu fique padre por apenas um segundo. Quero morrer padre!”
Para ele bastaria apenas o momento que o Bispo impusesse as mãos, e o Senhor
poderia levá-lo desta vida.
Que
bom que não foi assim!!! Pois, era da vontade de Deus o João Joaquim VIVER
PADRE!
“Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles
é o reino dos céus (Mt 19,14)”. O reino então pertence ao Padre João
Joaquim, pois o seu agradecimento a Deus veio de maneira simples, com a pureza de
criança. Recordo de sua primeira missa, na capela de São Miguel: no momento da
Transubstanciação, quando pela primeira vez aquelas mãos sacerdotais
consagraram o pão e o vinho, lágrimas saíram dos olhos e escorreram pela face...
Grande foi a emoção: ele olhava para o pão e o vinho, e ao pronunciar “Isto é
meu Corpo” “Isto é meu Sangue”, a voz embargada demonstrava nitidamente que ele
via e sentia a presença do Senhor e que entendia tudo o que Deus o fez passar
para chegar onde chegou.
E
a trilha sonora poderia ser a composição de Adelso Freire e Adilson Freire,
Nossa canção, que diz bem assim: “Desde o
ventre da minha mãe já me conhecia, antes que eu nascesse, Jesus me escolheu.
Hoje a minha vida é para o seu louvor, sigo anunciando o seu eterno amor. Aonde
mandar eu irei, seu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo
ouvir: Que Jesus é o nosso Salvador! Grato eu estou Senhor porque me confiaste
a missão de proclamar o seu eterno amor. Mesmo sendo tão pequeno me deste
autoridade de em seu nome anunciar a paz e a liberdade...”
Deus
é sempre bom, apesar da lógica divina muitas vezes ser incompreensível aos
olhos humanos: a semente plantada aqui em Barão de Cocais, o Senhor quis que
germinasse e frutificasse lá em Pelotas. Foram tantas dificuldades, mas “os que confiam no Senhor são como o monte de
Sião, que não se abala, mas permanece para sempre (Sl125:1) ”, e tudo
aquilo que nós suportamos por amor a Jesus e continuando firmes, aguerridos e
servindo ao Senhor, só é possível quando existe no coração uma disposição que é
dada por Deus e se chama: graça.
A
graça de Deus permitiu ao querido Padre João Joaquim suportar as tribulações,
as perseguições, as dificuldades, os preconceitos, as aflições e os tormentos,
deixando que o Espírito Santo o moldasse conforme era necessário para
desempenhar a missão que Deus lhe confiou.
Que
Deus continue abençoando a vida, a vocação e a missão do Padre João Joaquim!
(by Elaine Batista)
PASCOM