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segunda-feira, 12 de maio de 2014

CNBB divulga mensagem aos agentes da Pastoral do Dízimo

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante a 52ª Assembleia Geral, realizada de 30 de abril a 9 de maio, em Aparecida (SP), designou uma Comissão Episcopal para fazer um estudo sobre a Pastoral do Dízimo no Brasil. Os bispos, reunidos no evento, aprovaram uma mensagem aos agentes da Pastoral do Dízimo, assinada pelo arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis; pelo arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente, dom José Belisário; pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência, dom Leonardo Steiner.

No texto, os bispos explicam que a comissão “irá conhecer as ricas experiências” das comunidades no que diz respeito à Pastoral do Dízimo. Além disso, “irá recolher o material que muitas Dioceses já produziram sobre essa praxe bíblica e estudar as reflexões e publicações de inúmeros teólogos e pastoralistas”.

Para isto, convocam os agentes da Pastoral do Dízimo a colaborarem com a pesquisa, quando forem solicitados. Leia, na íntegra, a mensagem:

Mensagem da CNBB
aos agentes da Pastoral do Dízimo


Prezados agentes da Pastoral do Dízimo,


É com alegria que os Bispos do Brasil, reunidos em Aparecida sob o manto de Nossa Senhora, participando da 52ª Assembleia Geral da CNBB, comunicam que será feito um estudo sobre a Pastoral do Dízimo.

O que nos leva a tomar essa iniciativa é a certeza de que o Dízimo é um sinal visível da participação e corresponsabilidade dos fiéis na comunidade eclesial; ajuda os católicos a desenvolver sua consciência de pertença à Igreja; é uma expressão viva da fé e da gratidão a Deus; dá condições à Igreja de cumprir sua missão evangelizadora; incentiva a partilha de nossos bens com os pobres.

Para coordenar este trabalho, foi nomeada uma Comissão Episcopal para a Pastoral do Dízimo que irá conhecer as ricas experiências de nossas comunidades, recolher o material que muitas Dioceses já produziram sobre essa praxe bíblica e estudar as reflexões e publicações de inúmeros teólogos e pastoralistas. Em seguida, será elaborado um Anteprojeto aberto à colaboração de todos, para possibilitar melhores condições de aprovação e publicação na coleção de "Estudos da CNBB".

Por isso, quando sua Equipe Diocesana for chamada a colaborar com a Comissão Episcopal para o Dízimo, nomeada pela Presidência da CNBB, esperamos que o faça com alegria. O resultado desse trabalho certamente ajudará as Dioceses que querem incentivar, renovar ou mesmo implantar este importante serviço Pastoral.

Agradecemos a todos os que se dedicam a esta Pastoral e imploramos a graça de Deus para os seus trabalhos que possibilitam nossa Igreja imitar as primeiras comunidades cristãs: "Todos os que acreditavam estavam unidos e tinham tudo em comum" (At 2,44).

Nossa Senhora Aparecida, nossa padroeira e Rainha, interceda por nossas comunidades, seus pastores e cada um dos discípulos missionários de seu Filho.

Aparecida, 08 de maio de 2014.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Evangelho do dia 12





Jo 10, 11-18 - Naquele tempo, disse Jesus: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai.

Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir, escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; esta é a ordem que recebi do meu Pai.

Reflexão

Jesus faz um paralelo entre um pastor e um empregado. Um age em busca em primeiro lugar de seu salário. O outro age como dono das ovelhas.
Qual a diferença entre o modo de agir deles?
- O que acontece quando não se trabalha por amor?
- O que devemos fazer pelas ovelhas que não pertencem ao rebanho de Cristo?
- Você ajuda na evangelização? Como?
- Qual a atividade de Igreja que mais lhe agrada?

Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações



 “Vocações, testemunho da verdade”




Amados irmãos e irmãs!

1. Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (...). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a ação eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.

2. Muitas vezes rezamos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adotada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo - «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Batismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc 12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projeto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.

3. Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?

4. Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cômodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).

Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Janeiro de 2014

Francisco

A renovação da Paróquia

A renovação da Paróquia

A Paróquia foi o tema principal da 52ª assembleia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida de 30 de abril a 9 de maio. Já na assembleia anual de 2014, o tema tinha sido refletido; desta vez, voltou ais amadurecido, resultando na aprovação de um novo Documento da CNBB sobre o assunto.

A insistência no tema pode ter, ao menos, dois significados diversos: que a Paróquia é muito importante para a própria Igreja e que ela precisa passar por transformações e ser revitalizada.

A Paróquia, de fato, tem sido ao longo dos séculos o rosto mais visível e próximo da Igreja; ela é a imagem perceptível daquilo que a própria Igreja é, no seu todo: a comunidade dos batizados, convocados e guiados pela Palavra de Deus, reunidos em torno da Eucaristia e de um ministro ordenado que, como pastor encarregado, os serve e conduz em nome de Cristo Pastor, na comunhão da grande Comunidade eclesial.

Na Paróquia, os filhos da Igreja expressam e nutrem sua fé, celebram os Mistérios de Deus, organizam e praticam a caridade, inserem-se concretamente nas realidades da comunidade humana na qual vivem, para testemunhar a vida nova e a esperança que vêm do Evangelho.

Ainda na Paróquia, floresce a vida cristã na riqueza e na variedade dos dons do Espírito Santo e se cuida de transmitir a fé e de viver a dimensão missionária da Igreja. Apesar das muitas críticas feitas à Paróquia, a Igreja não a abandona e continua vendo nessa forma de organização da vida cristã e da missão eclesial uma escolha válida.

Ela precisa, é certo, de ajustes e melhorias constantes e é isso que a CNBB está buscando fazer. A vida cristã tem uma dimensão pessoal e envolve diretamente a pessoa, suas escolhas e respostas de fé à proposta de vida segundo o Evangelho.

Porém, não é individualista nem meramente subjetiva, mas vinculada à vida comunitária e eclesial. A cultura do nosso tempo, marcada fortemente pelo individualismo e pelo subjetivismo, também pode contagiar a vida cristã, abandonando seus vínculos comunitários e eclesiais.

Nisso haveria uma grave perda. De fato, nós não cremos “do nosso jeito”, nem buscamos dar soluções às questões morais “do nosso jeito”, mas do jeito da Igreja. Já desde o princípio, os apóstolos tiveram a preocupação de transmitir o que viram, ouviram e receberam do Senhor Jesus; e Paulo, em seguida, insiste em dizer: “o que recebi, foi isso que também vos transmiti”. Ele queria destacar que não inventava, de sua cabeça, o que pregava aos outros.

E os apóstolos e, depois deles, os Pastores da Igreja, também insistiam em dizer que era preciso viver de maneira coerente com o que se aprendeu do Evangelho, não mais apenas conforme os costumes e práticas do tempo. Assim foi ao longo dos séculos, e assim continua até hoje.

O papa Bento XVI lembrou aos jovens, na Jornada Mundial da Juventude, de Colônia (Alemanha), que a fé e a vida cristã não são feitas à maneira de “self-service”, onde cada um escolhe só o que gosta ou decide o que lhe convém... Nossa fé é ligada à Comunidade de fé; a própria Igreja é o “sujeito da fé”; com ela nós cremos e praticamos a vida cristã. A Paróquia precisa, pois, ser redescoberta como o “lugar” da vida comunitária da fé e da vida cristã.

O Documento da CNBB a apresenta como “Comunidade de Comunidades”, com muitas expressões pessoais e comunitárias da fé e da vida cristã. A Paróquia precisa favorecer as muitas formas de vida eclesial comunitária, com tudo o que isso significa para as relações mútuas entre os fieis e, destes, com a comunidade humana plural circunstante.

Usando a linguagem do Documento de Aparecida (2007) e da recente Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco, podemos dizer que também a Paróquia precisa fazer a sua “conversão pastoral e missionária”, para expressar melhor a sua vida e missão nos tempos atuais. E é isso que o novo Documento da CNBB orienta a fazer.







Cardeal Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo