Ser dizimista é comprometer-se com a comunidade. Entre os diversos modelos de “oração do dizimista” existe uma, na qual afirmamos: “não é o resto que me sobra que vos ofereço. Esta importância representa, Senhor, minha participação na comunidade, meu compromisso com a expansão do Evangelho”. Porém, há pessoas que esperam ver se sobra algo ou entrega qualquer coisa dizendo que é dízimo.
A opção autêntica pelo dízimo nos desafia. Falar em opção pelo dízimo exige uma vivência com a Palavra de Deus, e não podemos ter outro caminho senão este. Por esse motivo, já podemos ir sentindo a dificuldade da opção comunitária pelo dízimo. O dízimo só será autêntico se nascer deste veio fecundo que é a Palavra de Deus.
Além disso, para sermos autênticos e fiéis na devolução do dízimo é importante sabermos planejar. É comum nas famílias separar o dinheiro para o aluguel, a prestação, o supermercado, os impostos etc, até mesmo antes de receber o salário. A pergunta que devemos fazer é esta: por que não separar também o dízimo? É uma “importância” que eu não conto com ela para outros gastos mesmo antes de receber o salário. O dízimo, portanto, é o meu compromisso sistemático com a minha comunidade. Se não me comprometo mensalmente, como fica a minha comunidade que conta com a minha participação para saldar seus compromissos mensais?
O dízimo é instrumento de evangelização
Evangelizar é uma exigência de nossa fé. É o serviço que Jesus confiou à sua Igreja. Ela existe principalmente para evangelizar. Todos os batizados são encarregados desta tarefa. Como dizia São Paulo, “ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16). O dízimo é uma maneira de evangelizar. Ao devolver o dízimo, evangelizamos a nós mesmos, damos o testemunho de comunhão necessário para evangelizar a sociedade, e ainda sustentamos os serviços de evangelização de nossa Igreja.
Podemos dizer que o dízimo é um “jeito antigo e novo”, na Igreja, de partilharmos os bens e realizarmos a comunhão. Este modo da Igreja ser fundamenta-se nas primeiras comunidades cristãs: “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um” (At 2, 44,45).
Toda pessoa é chamada a evangelizar, mas primeiramente é preciso deixar-se evangelizar, tornar-se discípulo, testemunhar o Evangelho com a vida. O dízimo possibilita este esforço de conversão e testemunho, pois ajuda cada dizimista a desapegar-se dos bens e a crescer na dinâmica da partilha. Além disso, o dízimo sustenta a comunidade cristã, da forma mais adequada e evangélica. A devolução do dízimo nada compra; é essencialmente gratuidade. Quem devolve o dízimo não terá privilégios. A comunidade eclesial não é clube onde se está em dia com a mensalidade para ter direitos.
Devolver o dízimo não garante pedaço no céu. É expressão de entrega gratuita ao Senhor e compromisso com a ação evangelizadora. Ao devolver o dízimo, cada pessoa deveria dizer como Jesus nos ensina: “Somos servos inúteis, fizemos apenas o que tínhamos de fazer” (Lc 17,10).
PARA REFLETIR:
1. Há pessoas que colaboram com diversas campanhas, mas não colaboram com o dízimo em suas comunidades. Como alcançar os corações mais endurecidos?
2. O dízimo é instrumento de evangelização. Quais as tarefas próprias da Equipe da Pastoral do Dízimo?
Pe. José Afonso de Lemos
Coordenador Arquidiocesano da Pastoral do Dízimo