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domingo, 4 de maio de 2014

Os temas da 52ª Assembleia da CNBB


Pe. Geraldo Martins

Três temas importantes marcam a 52ª Assembleia da CNBB, que começou na quarta-feira, 30 de abril, e prossegue até o dia 9 de maio, em Aparecida-SP. Dois deles já foram debatidos na Assembleia do ano passado: Paróquia: comunidade de comunidades e Igreja e questão agrária no inicio do século XXI. Ambos também são de conhecimento público uma vez que foram publicados na coleção Estudos CNBB, mais conhecida como Coleção Verde, ou seja, textos que ainda não se tornaram documentos oficiais da CNBB, que são sempre publicados na cor azul (Coleção Azul).

O terceiro tema – Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade - é novo e se insere no contexto das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II. Tudo indica que deverá seguir o mesmo caminho dos dois anteriores, sendo publicado na Coleção Verde para ser estudado e debatido nas comunidades, recebendo contribuições para uma nova redação e posterior aprovação dos bispos como documento da CNBB.

Com grande repercussão em nossas comunidades, o texto que discute a renovação das paróquias (Estudos CNBB 104) voltou bastante modificado. Segundo a Comissão de redação, as inúmeras contribuições enviadas pelos mais diversos segmentos eclesiais levaram à elaboração de um texto praticamente novo. Vejo com alegria e esperança a expectativa que o envolve. Sinto que nossas comunidades estão muito conectadas a esta Assembleia da CNBB, aguardando, ansiosas, o resultado final do documento que deverá nortear sua ação evangelizadora diante do gigantesco desafio de renovar as paróquias.

Caminho semelhante fez o texto sobre a questão agrária no país. Tema mais complexo e mais exigente, a questão da terra no Brasil já foi estudada pelos bispos há mais de 30 anos. O documento Igreja e problemas da terra, aprovado pela CNBB em sua XVIII Assembleia, em 1980, teve enorme repercussão no país. O contexto hoje é muito diferente e o novo documento, que deverá ser aprovado pelos bispos na semana que vem, teve a preocupação de ser, ao mesmo tempo, pastoral e profético. Será um excelente instrumento de referência para nossas comunidades, especialmente, as que convivem diariamente com a conflitante realidade da questão agrária, hoje, tão fortemente marcada pelo agronegócio.

O tema sobre os cristãos leigos e leigas também desperta muito interesse de nossas comunidades e está diretamente ligado aos dois anteriores. Dificilmente as paróquias se renovarão sem a participação efetiva dos leigos e leigas – a imensa maioria do povo de Deus a serviço de quem está uma minoria: os ministros ordenados, como nos recorda o papa Francisco (cf. EG 102). Da mesma forma, só assumindo de forma efetiva a dimensão político-social de sua fé, os cristãos leigos e leigas contribuirão para a superação dos conflitos sociais em nosso país, como a questão da terra, manchada pelo sangue de tantos que tombaram em defesa dos direitos dos mais pobres.

Há ainda outro texto que deverá ser aprovado pelos bispos. Denominado Projeto Brasil: desafios dos cristãos em face das eleições de 2014, o documento visa ajudar as comunidades a se preparem bem para as próximas eleições no Brasil. Mais denso que uma nota ou uma mensagem, o texto dá as grandes linhas que deverão orientar os debates para as próximas eleições. Insiste, ao mesmo tempo, na importância dos cristãos não se omitirem no dever cidadão de votar com consciência.

Estes quatro assuntos têm duas inspirações comuns: o Concílio Vaticano II e o papa Francisco, especialmente através de sua exortação apostólica Evangelii Gaudium. Os novos documentos que se avizinham, ao que tudo indica, reafirmarão o caminho que sempre caracterizou os pronunciamentos da CNBB ao longo da história: marcadamente pastorais, fortemente proféticos, estreitamente em comunhão com a Igreja universal, inspiradamente evangélicos, esperançosamente comprometidos com a construção do Reino de Deus.