Lembrando que todos são pecadores e necessitados da misericórdia de Deus, Papa indicou a Palavra e a Eucaristia para curar os pecados
Da Redação, com Rádio Vaticano
“Misericórdia é que eu quero, e não sacrifício”. Partindo desta máxima de Jesus no contexto bíblico da vocação de Mateus, o Papa Francisco afirmou na catequese desta quarta-feira, 13, que qualquer atitude religiosa que não provenha do arrependimento é ineficaz. Lembrando da figura de Jesus como “médico divino”, ele indicou dois remédios para curar as pessoas do pecado: Palavra e Eucaristia.
Mateus era coletor de impostos e, por isso, um pecador público. Contudo, sua verdadeira vocação se confirma com o chamado do Mestre, porém isso não o torna perfeito. “É verdade que ser cristão não nos faz impecáveis. Como Mateus, o publicano, cada um de nós se entrega à graça do Senhor apesar dos próprios pecados. Todos somos pecadores, todos pecamos. Uma vez, ouvi um provérbio tão bonito: não há santo sem passado, e não há pecador sem futuro. É bonito isso, isto é o que faz Jesus”, recordou o Pontífice.
Muro que separa de Deus
Francisco recordou, porém, que é preciso superar a barreira do orgulho e da soberba, comportamentos que afastam de Deus. O Papa enfatizou que a vida cristã é uma escola de humildade que se abre à graça, mas isso não pode ser compreendido por quem tem a presunção de se achar “justo” e melhor do que os outros.
“Soberba e orgulho não permitem que reconheçamos a nossa necessidade de salvação, aliás, impede de ver o rosto misericordioso de Deus e de agir com misericórdia. São um muro, a soberba e o orgulho, são um muro que impedem a relação com Deus”.
Médico Divino
O Santo Padre refletiu então sobre Jesus que se apresenta como Médico Divino, com dois medicamentos que restauram e nutrem: a Palavra e a Eucaristia. “Com a Palavra, Ele se revela e nos convida a um diálogo entre amigos: Jesus não tinha medo de falar com os pecadores, os publicanos, as prostitutas. Não tinha medo, amava todos. (…) Às vezes, esta Palavra é dolorosa porque incide sobre as hipocrisias, desmascara as falsas desculpas, traz à tona as verdades escondidas; mas ao mesmo tempo ilumina e purifica, dá força e esperança, é um reconstituinte preciso no nosso caminho de fé”.
O segundo bálsamo para o arrependimento sincero do coração cristão é a Eucaristia, que nutre o homem com a própria vida de Jesus e renova a graça do batismo.
Na conclusão da catequese, Francisco voltou ao cenário de Jesus que dialoga com os fariseus para recordar que, apesar da aliança com Deus e da misericórdia, as orações de Israel eram incoerentes e cheias de palavras vazias, uma ‘religiosidade de fachada’.
“‘Misericórdia é que eu quero’, ou seja, a lealdade de um coração que reconhece os próprios pecados, que se arrepende e volta a ser fiel à aliança com Deus. ‘E não sacrifício’: sem um coração arrependido, toda ação religiosa é ineficaz”.