Grito dos Excluídos destaca situação de trabalhadores e jovens marginalizados
A cidade de Congonhas sediou, no sábado, 7, a 19ª edição do Grito dos Excluídos na Arquidiocese de Mariana. O evento foi animado por padres e leigos ligados aos movimentos sociais e à dimensão sociopolítica da arquidiocese. A praça da matriz de Nossa Senhora da Conceição abrigou a concentração inicial do evento, que começou logo pela manhã. O pároco local, pe. Paulo Barbosa, acolheu os participantes e animou a manifestação.
Na praça, os participantes assistiram às apresentações teatrais preparadas pelo grupo de jovens Anjos da Arte. As encenações abordaram as carências do povo marginalizado e o descaso das grandes empresas e do poder público para com as necessidades dos jovens pobres e de grande parte dos cidadãos economicamente desfavorecidos. Também foram resgatadas algumas das demandas que tiveram ênfase nas grandes manifestações que agitaram o país no meio do ano.
O Grito
O Grito dos Excluídos é tradicionalmente promovido por diversas dioceses católicas em todo o país e reúne militantes de movimentos sociais, grupos estudantis, sindicatos, pastorais da Igreja e outras associações que lutam em favor das causas sociais.
Com o lema “Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular”, o Grito deste ano chamou a atenção para as condições de vida e os desafios enfrentados pelos jovens brasileiros, como a violência, a falta de empregos dignos e as drogas, além da situação dos trabalhadores da mineração. Destacou ainda questões mais localizadas, como as campanhas pela criação de um novo hospital e de novas creches municipais em Congonhas.
Durante a concentração, foram servidas refeições, água e refrigerantes para todos os participantes do Grito. Por volta de 13h30, os participantes deixaram a praça e se dirigiram em caminhada rumo à basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.
Reivindicações
Animados por um trio elétrico, os caminhantes fizeram uma parada no centro de Congonhas para que representantes de movimentos, sindicatos e associações pudessem se pronunciar.
O deputado federal Padre João (PT), sublinhou a Lei que será sancionada pela presidente, nesta segunda-feira, 9, destinando 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde .
Já o coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Geraldo Martins, que trabalhou na assessoria política e de imprensa da CNBB nos últimos seis anos, ressaltou a importância da participação nos projetos de lei de iniciativa popular. “A 5ª Semana Social Brasileira, realizada nesta semana em Brasília, apontou três urgências que devem merecer nossa atenção: reforma política, demarcação das terras indígenas e solicitação ao papa que convoque um grande evento internacional para discutir a valorização da vida”, disse o coordenador.
Também foram cobrados mais investimentos nos serviços públicos, mais vigilância e o fim da corrupção no país, além do comprometimento do Estado com as classes populares e valorização das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade. Os manifestantes reivindicaram ainda o fim da exploração comercial no fornecimento de bens de primeira necessidade, como água e energia.
Os protestos voltaram-se também contra os projetos de facilitação de contratação de serviços terceirizados pelas empresas, contra a redução da maioridade penal e a favor de mais reconhecimento de direitos para os povos indígenas e demarcações de terras.
Paz na Siria
Em comunhão com o papa Francisco, os animadores convocaram todos a pedirem pela paz na Síria, no Oriente Médio e em todo o mundo, pelo fim da indiferença para com as crianças que são abandonadas, para que os direitos humanos sejam mais respeitados em todos os setores da sociedade e para que os jovens sem experiência profissional tenham mais oportunidades de trabalho, mais ofertas de emprego digno.
O encerramento do evento ocorreu com a missa que abriu o jubileu do Bom Jesus, às 15h, presidida pelo arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, em frente à basílica do Bom Jesus. Em sua homilia, o arcebispo sublinhou os apelos do papa Francisco pela paz. “Não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz”, disse dom Geraldo recordando as palavras do papa.
Colaboração: Luiz Henrique e Fabiano Alves